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Expedições Acauã 2016 – Destino América Central – E como mochileiros

 


 

2016 – Destino América Central – E como mochileiros

Não quer andar de Chiken Bus? Então não vá a América Central; O grupo Expedições Acauã visita os países da América Central, na base do ‘mochilão’

Após percorrer todos os países da América do Sul de carro, os amigos que compõem o grupo Expedições Acauã decidiram conhecer a América Central. Como o prazo era pequeno para uma logística com os jipes, a opção foi, pela primeira vez, fazer uma viagem tipo ‘mochileiros’, utilizando os meios de transporte disponíveis.

Optamos por chegar em Cancun e voltar pela cidade do Panamá, passando por todos os 7 países, o México foi apenas a porta de entrada, o voo pousou à noite e já no dia seguinte, logo cedo, partimos do hotel estrategicamente escolhido ao lado da rodoviária.

Mal sabíamos ao embarcar rumo a Belize, capital da pequena Belize, da overdose de horas sentados em ônibus dos mais variados tipos e modelos, mas a grande maioria deles, os ‘Chiken Bus’, ônibus escolares americanos da década de 50 e 60 em pleno funcionamento, coloridos, todos decorados pelo próprio dono e com grades caixas de som tocando rumba, salsa e reggaeton no volume máximo.

Belize foi uma descoberta com misto de decepção, talvez do nosso imaginário. Como pode um país que fala inglês ser tão pobre e violento, somente comparável com Suriname em nossas viagens. Após uma rápida e feia passagem pela Cidade de Belize, fomos para San Ignácio, para dormir próximos à divisa com a Guatemala.

San Ignácio é uma pequena e tranquila cidade, sem nenhum charme, como tudo que vimos em Belize, talvez o paraíso no país seja destinado somente nos resorts do Caribe para mergulhadores.

Entrando na Guatemala, o destino estava próximo, Tikal, uma preservada cidade Maia no meio da floresta tropical. A vista do templo principal é imponente e impressiona. Essas pirâmides Maias funcionais são de grande beleza, mas a visita a todo o complexo nos faz refletir sobre essas civilizações avançadas que foram dizimadas pelos colonizadores, como já tínhamos visto na América do Sul.

A Guatemala é encantadora, além da visita à Tikal e à capital, Cidade da Guatemala, é obrigatório conhecer Antigua, ao pé de três vulcões e com construções antigas e calçamento das ruas em pedra, que transportam as pessoas pelo tempo.

Da Guatemala seguimos para São Salvador, capital de El Salvador, pequeno país, mas com grande história. Além da capital, a opção foi conhecer El Tunco, famosa praia do Pacífico, muito bonita, porém, como todas as praias deste oceano, com muitas pedras e a água, gelada!

Todos os caminhos foram percorridos, quando não nos ônibus, com táxis, carros por aplicativos ou alugados, e seguimos a jornada para Tegucigalpa, capital de Honduras. Tegucigalpa parece uma dessas pequenas cidades pobres do interior do Brasil, mas com muitos prédios antigos e históricos. Pena que maltratados pela crise econômica acentuada. Honduras, aliás, foi um dos países mais pobres que visitamos na América do Sul. Em meados de 2019, inclusive, sofreu com a saída em massa da população rumo aos Estados Unidos, em cenas que foram muito divulgadas, onde milhares de pessoas percorreram a pé, o caminho até a fronteira americana.

De Honduras seguimos viagem para Manágua, capital da Nicarágua. Nosso primeiro grande problema com aduana foi para entrar neste país via fronteira de Las Manos. O país governado por Daniel Ortega, da Frente Sandinista tem rígidas regras de controle de entrada, e ficamos um longo período na aduana enquanto polícias investigavam nossos nomes. Demorou, mas conseguimos. As mesmas sortes, porém, não tiveram dois turistas italianos que levaram uma bronca de um soldado por terem mentido em algum detalhe da vida deles, também investigada. O visto saiu minutos antes do último ônibus da fronteira com destino a El Ocotal. Nesta pequena cidade, conseguimos encontramos um bom hotel (coisa rara na região), onde pudemos assistir ao jogo da Copa América, Brasil x Venezuela, no bar do hotel. Até conquistamos a simpatia de todos os hóspedes para torcer pela nossa seleção, mas ao final ficarmos com vergonha pelo zero a zero do placar.

El Ocotal é pequena e simples, mas a surpresa foi ao chegarmos em Manágua. Conhecemos uma cidade vibrante e turística, ao contrário de tudo que imaginávamos. Moderna, mas ao mesmo tempo histórica, com prédios bem conservados. Muito próxima a Manágua fica a histórica cidade de Granada, à beira do Lago Cocibolca. É um passeio obrigatório; andar pelas suas calçadas é uma experiência de viagem ao passado.

Ao contrário da boa surpresa com a Nicarágua, a chegada em San José, capital da Costa Rica, foi bem abaixo da expectativa, somente depois descobrimos que a beleza do país está no interior. San José é uma cidade feia e violenta. Após conhecer a capital, seguimos para Puerto Viejo de Talamanca, uma vila na praia do Mar do Caribe. Aí pudemos conhecer as belezas da Costa Rica, pena que o tempo foi curto e, apesar do calor, o dia estava nublado e chuvoso.

De lá atravessamos a fronteira para o Panamá e seguimos para Boca Del Toro, um famoso conjunto de ilhas do Caribe que atrai turistas de todo o mundo. Os ônibus lá viram barcos; a Ilha principal é acessada com grandes barcos, a partir da cidade de Almirante, que levam ao terminal marítimo de Isla Colon, a principal de Bocas Del Toro.

Lá foi o local que mais encontramos turistas de todos os lugares do mundo. As opções de turismo são imensas, com praias, ilhas e passeios. Nossa opção, como tínhamos um único dia de prazo para nosso voo de retorno, foi alugar um barco com guia para um passeio completo por diversas ilhas. Foi uma excelente escolha, vimos botos, estrelas do mar e uma fauna e flora, como se diz em espanhol, “muy rica”.

Partimos do norte extremo do Panamá rumo à capital, Cidade do Panamá, em um ônibus durante a madrugada, certamente o com maior emoção. Não que as aventuras não tivessem acontecido em outros países, em ônibus velhos, com estouros de pneus e estradas complicadas, mas este trecho foi marcado por brecadas e balanços emocionantes. O que realmente marcou, felizmente, foi passar sobre o Canal do Panamá ao amanhecer, e entender a sua dimensão.

Já tínhamos conversado e aprendido muito na viagem toda, e sabíamos que o Panamá está para a América Central como a Guiana Francesa está para a América do Sul, ou seja, não tem ligação nenhuma, parece descolado da realidade da região. O Panamá foi totalmente tirado da cultura latina justamente pela construção do Canal do Panamá, e a sensação é que estamos em Miami. A bonita, pujante e rica Cidade do Panamá acaba combinando com o histórico e bem conservado centro histórico.

E de lá retornamos, cheios de amor pela América Central, especialmente pelo povo alegre e acolhedor.

 

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